Arquivo para 29 de outubro de 2012

A derrota do PSDB em São Paulo – alguns comentários

Foi com apreensão que acompanhei as eleições na cidade de São Paulo e com enorme frustração recebi o resultado. A derrota do candidato José Serra na cidade de São Paulo é grave. São Paulo se mostrou nos últimos anos como um centro de resistência ao projeto petista de homogeneizar o quadro político brasileiro e a vitória do PT nas eleições municipais da maior cidade do país coloca em risco a oposição ao PT.

Mas isso não significa que devemos esmorecer, tampouco que devemos nos dar por vencidos diante da ascensão de um projeto político que coloca em sérios riscos o nosso país.

Pensar na atual situação do PSDB é pensar no que podemos fazer daqui para frente para enfrentar o lulo-petismo e, apesar dos pesares, o PSDB é o único partido que tem potencial para se tornar uma alternativa séria e viável contra o populismo de Lula e seus lacaios.

O que se pode dizer sobre o PSDB de hoje?

Ora, é claro que o PSDB não conseguiu estabelecer uma estratégia eficiente para enfrentar a enorme popularidade que Lula obteve no seu segundo mandato. Nas últimas eleições presidenciais os tucanos se perderam e enveredaram por caminhos que prejudicaram sua imagem na cidade de São Paulo. Em lugar de assumir sua vocação de ser um partido ligado à classe média mais progressista da cidade – aquela que tem potencial de decidir eleições já que está familiarizada com o meio de comunicação por excelência de nossa era, a internet – o PSDB por um lado não atacou o PT como deveria por conta de uma postura covarde diante da força política do Lula. Por outro lado ensaiou se aproximar do eleitorado mais conservador ligado aos protestantes pentecostais que são superestimados pelos analistas políticos no que concerne a seu potencial de decidir eleições.

E por quais motivos eu afirmo que os protestantes pentecostais são superestimados? Ora, porque eu sou carioca e vi como o Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho do Bispo Edir Macedo, nunca conseguiu se eleger para cargos executivos na cidade do Rio de Janeiro já que, embora conte com o aparato midiático do conglomerado de Macedo, enfrenta uma enorme resistência da maioria dos eleitores que são se identifica com a confusão entre política e religião que esse tipo de político promove. Protestantes são fortes em campanhas para o legislativo já que cooptam fiéis com facilidade, mas esses fiéis não estão em número suficiente para eleger prefeitos, governadores e presidentes! Pior, quem escolhe enveredar pelo tortuoso caminho em direção à conquista desses eleitores cria uma enorme rejeição entre aqueles que não se identificam com a dupla explosiva política-religião. Os danos são perenes e José Serra se comprometeu irremediavelmente na campanha presidencial quando chegou ao cúmulo de distribuir santinhos onde podíamos ler “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Pode ser, mas no que isso ajudaria um governo?

Não obstante, José Serra não conseguiu acertar o alvo, já que nem todos compraram essa religiosidade exacerbada que era evidentemente artificial. Além de errar feio a mira ele conseguiu a proeza de afastar seu eleitorado. O resultado está ai: toda uma trajetória política jogada no ralo graças à hipocrisia e a negação de bandeiras históricas que ele sempre defendeu.

Espero sinceramente que o PSDB aprenda a lição. O partido precisa urgentemente reconhecer que os protestantes são superestimados pela imprensa, precisa reconquistar seus antigos eleitores promovendo campanhas e atos que estão de acordo com o que esse eleitorado espera: incremento econômico, investimentos estruturais para o crescimento da economia, separação entre política e religião e, acima de tudo, promoção das liberdades individuais. 

O sindicato e os dois Josés

17 de outubro de 2012 – o site “Rede Brasil Atual” publicou uma entrevista com o presidente do sindicato dos jornalistas profissionais do estado de São Paulo, o senhor José Augusto Camargo, onde o sindicalista acusou José Serra de promover a censura ao se recusar a falar com alguns jornalistas. Camargo pareceu ignorar completamente o que significa “censura”. Já que José Serra era um cidadão que pleiteava um cargo público eletivo ele não contava com a estrutura estatal para promover a censura, como se não bastasse, Serra, enquanto cidadão, tinha todo o direito de recusar entrevistas. Mas negando veementemente esses notórios fatos, Camargo preferiu propagar uma mentira. Sua entrevista foi evidentemente motivada por razões políticas. Como presidente de uma entidade ligada à CUT – que mantém relações que beiram a obscenidade com o PT – Camargo tentou imputar a Serra algo que o tucano não fez para colaborar com a campanha eleitoral do candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.

 

28 de outubro de 2012 – o mensaleiro condenado pelo STF e ex-presidente do PT, José Genoino, foi a sua zona eleitoral cercado pela tropa de choque paramilitar da militância petista. Lá os milicianos, digo, militantes, promoveram uma verdadeira barbárie. Derrubaram eleitores, como uma senhora de 82 anos que se locomovia com o auxílio de uma bengala, e agrediram jornalistas que tentavam fazer perguntas para o corrupto condenado.

 

Fica a dúvida: será que José Augusto Camargo e seus colegas do sindicato se manifestarão contra a atitude dos Petistas que agrediram jornalistas no exercício de sua profissão? Será que o sindicato se manifestará em apoio aos colegas que foram vítimas da truculência dos “companheiros” Petistas? Será que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo se mobilizará e cumprirá a obrigação de defender os jornalistas contra as arbitrariedades do PT?

 

Aguardemos…