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A Era das Bruxas

Pois é, como são as coisas! Eu com muita dificuldade conseguiria me imaginar defendendo a candidatura do PT… bom, pensando bem, não a defenderei! Só quero chamar a atenção para o jogo sujo e baixo que estão fazendo. Já vi e-mails que chegam a sugerir que o vice da chapa de Dilma é pai de um satanista e que a eleição dela marca o início da ascensão do anticristo (!). Nossa, a “brasilianada” ainda tem delírios de grandeza! Quer dizer que o final dos tempos começará no Brasil? Hmmm… faz até sentido pensarem isso, já que tem gente que jura que deus é brasileiro.

Tolices a parte. Esses argumentos místicos só obscurecem o debate político e usam das crendices rudimentares dos nossos conterrâneos para causar pânico. Como se isso não bastasse, os semeadores da idiotice – como tem se mostrado o senhor Reinaldo de Azevedo, que já perdeu todo o meu respeito depois de usar um discurso do fundamentalista Silas Malafaia como exemplo de consciência democrática – colaboram com a continuidade e até crescimento da confusão danosa entre Estado e religião que acomete nosso país.

Pura perda de tempo… gastamos rios de tinta debatendo o ateísmo de Dilma e perdemos o foco do que realmente importa: política. Avaliem o senhor Serra e a senhora Dilma por suas propostas, comparem o Brasil governado pelo PSDB com o governado pelo PT, estudem as estratégias de governo, pesquisem se as promessas de campanha são viáveis ou enganação! E mais importante: tenham bastante claro em suas cabeças que essa baixaria só está gerando a campanha política mais tola da história desse país! Droga, isso não é novela, tampouco é profecia mística!

Fico estarrecida por saber que o futuro do país onde vivo será definido por acéfalos que acreditam no fim do mundo próximo… deixa eu dizer uma coisinha pra vocês, babies: eu faço pesquisa em história medieval e em praticamente todas as fontes que leio encontro relatos sobre o fim do mundo próximo! E isso é encontrado também em textos ainda mais antigos, em quase todas as sociedades. Vejam bem, desde que os humanos são humanos acreditam piamente que o mundo vai acabar logo. Pois é… saiam da idade da pedra!

Eleições 2010 – aprendam e ensinem a usar a urna eletrônica

Minha primeira vez como eleitora foi um pesadelo. O ano era 2002 e os brasileiros votaram para eleger deputados federais, deputados estaduais, dois senadores, governador e presidente. A urna eletrônica começava a ser usada em larga escala no Brasil e complicava as cabeças das pessoas com pouco acesso às tecnologias mais avançadas do que um liquidificador. E isso mesmo com a campanha massiva do TSE que ensinava a usar a urna e os milhões de “santinhos” que faziam o mesmo, só que de forma mais acessível, neles já estavam os números do candidato.

Naquele dia, onde finalmente seria uma plena cidadã brasileira, levantei cedo cheia de ansiedade. Com muito custo mamãe me fez tomar café-da-manhã antes de ir rumo à zona eleitoral, ela disse “coma, menina, você vai precisar!”, e precisei… a caminho da Escola Estadual ia eu, deslumbrada com o espetáculo da democracia e o cheiro de churrasco nas ruas. A medida que me aproximava comecei a me assustar com a multidão de gente aglomerada na pracinha do bairro, local que concentra duas grandes escolas onde votam a maioria dos moradores da região. O que se seguiu foi um espetáculo dantesco.

A fila e a confusão eram enormes, pessoas xingavam, a boca de urna corria solta, a tensão entre militantes de partidos diversos pesava no ar. Depois de horas e horas em pé, no sol, com fome, sede e sem tostão para comprar caldo de cana na banquinha de pastel, finalmente entrei no colégio, enfrentei mais fila e, por fim, vi a causa dos males daquele meu dia de cidadã. O povo demorava uma média de dez infinitos minutos para digitar os números na urna, sempre tinha um que implorava para que algum mesário fosse lá ajudar. A conversa que se desenrolava entre 2, a cada 5 eleitores, e os mesários era algo do tipo:

“Não posso fazer isso senhor”

“Mas o que eu faço, filha?”

“digite os números do seu candidato”

“onde?”

“Na urna!”

“mas eu nem sei os números”… e blá blá blá

Ao que o povo na fila bufava, protestava e reclamava. Espectadores desesperados sem qualquer possibilidade de contornar a situação. Nessa altura do campeonato eu já havia amaldiçoado a democracia pela centésima vez e já havia me amaldiçoado pela milésima por ter tirado o título aos dezesseis anos.

Não vou entrar em mais detalhes nem contar a confusão que se instaurou quando a polícia baixou na rua e os “boqueiros” de urna correram alucinadamente para fugir do xilindró, não é para isso que escrevo esse texto.

Para quê, então?

Nesse ano de 2010 vamos votar em uma penca de cargos eletivos, como em 2002, então, peço encarecidamente que os internautas sociabilizem seus conhecimentos. Se você conhece alguém que não tenha intimidade com a tecnologia, se desconfia que algum conhecido vai se enrolar e “causar” nas zonas eleitorais do Brasil a fora, ensine essa pessoa a usar a urna! No site do TSE, nesse link, há um simulador bacaninha. Não guarde sua bondade no bolso, ensine um ou mais eleitores e diminua o tempo nas filas para votar!

O Brasil agradece 😛