Archive for the ‘ Mundo ’ Category

Caricaturas de Maomé – resistência

Tá eu sei que o blog anda meio abandonado. Mas diante das manifestações feitas por muçulmanos ao redor do mundo por conta de um filme satírico decidi me manifestar. Me manifestar a favor da liberdade dos países ocidentais, me manifestar contra o medo, me manifestar contra aqueles que se acovardam ao invés de defenderem seus princípios.

O mundo ocidental é fundamentalmente cristão e mesmo assim qualquer um pode encontrar centenas de caricaturas e sátiras não só com cristãos, mas com o próprio Jesus Cristo. Muitos cristãos se manifestam contra isso, mas nunca o vemos queimando estúdios, explodindo jornais ou matando diplomatas e outras pessoas inocentes. O direito de manifestação deve ser inalienável, a violência não.

São os muçulmanos que acham ultrajante retratar o pretenso profeta, nós não. Eles que lidem com suas crenças.

“Intocáveis 2” “Não pode rir” (tradução mais ou menos)

Caricatura do dinamarquês Kurt Westergaard. Depois de publicada a casa de Westegaard foi invadida por um muçulmano quando ele, um senhor de avançada idade, estava sozinho com a neta.

Indignação com alguns cartoons… “blafêmia! Morte aos cartunistas”
Indignação com o tratamento às mulheres, decaptação de reféns, ataques suicídas, assassinatos pela honra… “Ops, está ficando tarde, preciso ir”

“Francamente senhor Mohammed… alguns cartoons dinamarqueses são os menores dos problemas com sua imagem…”
No cartaz: terrorismo; tirania teocrática, subjugação das mulheres; intolerância com a crítica; perseguição contra muçulmanos moderados; medo da cultura ocidental e de imagens de porquinhos.

 

100 chibatadas se você não está morrendo de rir!

 

“Senta a Pua” e a “A Cobra Fumou” – combatentes brasileiros na II Guerra Mundial

O último post do ContraDemocracia trouxe o emocionante testemunho do MAJ. BRIG. Assis que depois de ter seu avião atingido acabou prisioneiro dos nazistas. Naquele post eu falei do documentário “Senta a Pua”. Logo depois de publicar o artigo naveguei um pouco pelo Youtube e qual não foi minha surpresa ao encontrar o documentário completo na rede de compartilhamento de vídeos! E além do “Senta a Pua” encontrei também o documentário “A Cobra Fumou”, que traz ótimas entrevistas com os combatentes da Força Expedicionária Brasileira! 

Sugiro que os internautas assistam aos documentários o mais rápido possível, sabemos bem que a qualquer momento o Youtube pode tirar esses registros históricos do ar.

O emocionante relato de um aviador brasileiro feito prisioneiro pelos alemães na II Guerra Mundial

Assisti ao documentário “Senta a Pua” que trata da atuação da Força Aérea Brasileira durante a II Guerra Mundial. Fiquei realmente emocionada com as histórias de nossos bravos combatentes que enfrentaram duras batalhas, a perda de companheiros, dificuldades de comunicação e o temível frio europeu com firmeza e o velho bom humor brasileiro. Por onde a FEB passou deixou uma história de encher de orgulho sua nação. Dizem que os soldados brasileiros eram os únicos que compartilhavam a parca ração que recebiam com os civis antes mesmo deles se alimentarem, enquanto os combatentes de outras nações primeiro se alimentavam e depois distribuíam comida para a população. Os combatentes brasileiros foram cruciais para a retomada da Itália e é lamentável o pouco que sabemos de suas histórias. Lembro que quando estudei a II Guerra Mundial na escola não ouvi sobre a atuação de nossos combatentes, o mesmo ocorreu na universidade. Meu interesse foi despertado pelo documentário “Senta a Pua” e cada vez que aprendo mais sobre os combatentes brasileiros da II Grande Guerra mais me orgulho. (Confira o trailer do documentário aqui!)

Talvez um dos meus infiéis leitores não consiga compreender a importância da atuação brasileira na Europa convulsionada, eu entendo. Mas faça o seguinte exercício: imagine se o Eixo tivesse vencido a guerra e a Alemanha Nazista concretizasse o plano de chegar às Américas? Imagine nosso país ocupado por tropas nazistas… duvida que isso fosse possível? Pois saiba que Hitler enviou missões alemãs para o Brasil e mostrava interesse em nosso território. Entre o Amapá e o Pará, numa pequena ilha do Rio Jari, existe um túmulo marcado por uma suástica nazista, é a sepultura de Joseph Greiner, alemão que fez parte da expedição alemã para o Brasil iniciada em 1935. (fonte: Francisco Miranda)

Os combatentes brasileiros não lutaram apenas para libertar a Europa, eles ajudaram a impedir o provável plano de Hitler de ocupar o Brasil!

Dentre as histórias dos nossos heróis que podem ser encontradas pela internet, no documentário “Senta a Pua” e no recém-lançado livro “Cartas de um Piloto de Caça” que traz as cartas escritas por Fernando Corrêa Rocha, um jovem que abandonou a Faculdade do Largo São Francisco para lutar na Europa, se destaca também o eletrizante relato do MAJ. BRIG. Josino Maia de Assis, que teve o avião atingido pelos alemães durante uma missão, escapou graças ao paraquedas, mas acabou prisioneiro do exército alemão.

Não vou contar muito sobre a história do MAJ. BRIG. Assis, vale a pena ler o relato que ele escreveu do próprio punho e que foi cedido pelo seu filho para o website “Sentando a Pua”, dedicado à preservação da memória das glórias de nossos combatentes. Mas chama a atenção o desprezo que o corajoso piloto enfrentou quando, depois de libertado por tropas americanas, procurou a embaixada brasileira na França para reencontrar sua tropa. Não fosse a ajuda dos americanos nosso combatente, junto ao companheiro que foi libertado com ele, ficaria a mingua vagando pela Europa. O relato do MAJ. BRIG. Assis soa como um prenúncio para o tratamento que os pracinhas receberiam do país pelo qual arriscaram as vidas.

Leia a história do MAJ. BRIG. Assis aqui!

MAJ. BRIG. Josino Maia de Assis

MAJ. BRIG. Josino Maia de Assis

Para saber mais:

ROCHA, Fernando Corrêa. Cartas de um Piloto de Caças. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul, 2012. (organizado por Heliosa Rocha Pires). Compre aqui!

O milagre chinês?

A China é por vezes celebrada como um exemplo de milagre econômico. Há poucos anos era um país pobre e isolado e hoje desponta como a segunda maior economia do mundo. Produtos chineses inundam as prateleiras de nossas lojas. Baratos e vagabundos, mas consumidos com avidez, ameaçam a indústria nacional que afogada em impostos perde competitividade. Isso quando não entram ilegalmente no país e ficam mais baratos ainda, deixando os “espertos” brasileiros em transe com a facilidade de comprar uma falsificação ridiculamente barata na 25 de março em São Paulo.

Meu pai sempre me diz que não existem coisas fáceis na vida e se algo é muito barato e fácil de conseguir geralmente há um custo altíssimo por trás. Qual é o verdadeiro custo da tralha comprada na 25? Qual é o custo do crescimento “milagroso” da China?

Para começar a China conta com leis, ou falta de leis, trabalhistas que impõem aos trabalhadores uma jornada de trabalho praticamente escrava, tudo com a anuência de um governo comunista mais preocupado com riquezas do que com o bem-estar de seus cidadãos. É bem mais fácil produzir coisas baratas e em larga escala quando você pode impor aos seus trabalhadores uma jornada intensa de trabalho e com baixos custos. Pague uma miséria a um pobre coitado qualquer e faça-o trabalhar 10, 11, 12 horas por dia, essa é a fórmula infalível para lucros rápidos e estonteantes. Mas a indústria chinesa é a única beneficiada com o regime trabalhista draconiano da China? Não, evidentemente. Olhe o seu lindo MacBook da Apple e veja onde ele foi produzido, seu tênis da Nike, ou qualquer outra porcaria que você comprou alegremente e que custou caro, caríssimo, para os trabalhadores do outro lado do mundo, submetidos a condições sub-humanas para atender aos nossos caprichos consumistas.

Mas eu não quero falar só sobre economia.

Há poucos meses olhamos estarrecidos para um vídeo chocante onde uma menina chinesa foi atropelada mais de uma vez enquanto as pessoas na rua passavam como se nada estivesse acontecendo. “Os chineses são monstruosos!”, li em muitos comentários na internet. Será o caso?

Sim, pode ser, mas são monstruosos não por serem chineses, mas por serem humanos. A popularização da visão de Rousseau dos humanos como naturalmente bons, corrompidos pela cruel sociedade, ganhou ares de uma verdade tão óbvia, tão forte, que fundamentou muito das leis e políticas largamente aceitas no mundo, especialmente o Ocidental. Enquanto isso Hobbes e a leitura do homem enquanto lobo do próprio homem foi relegada ao ostracismo ou “criticada” em nossas salas de aula com a propriedade dos inteligentíssimos mestres esquerdalóides que falam em liberdade e direitos humanos enquanto celebram o aniversário da “Revolução” cubana.

Não somos naturalmente bons, somos seres egoístas e que, graças à sociedade e seus códigos morais, religiosos e de conduta saímos da selvageria para podermos minimamente viver em grupo. Não há solidariedade instintiva.

Mas quando um governo reduz seus cidadãos a peças de uma máquina que deve alcançar um objetivo qualquer independente dos custos humanos toda a moralidade que consideramos essencial para a existência digna é jogada no ralo. Os indivíduos são dissolvidos e passam a compor uma enorme massa desumana rumo aos objetivos de seus líderes. Quando uma peça quebra basta jogar fora e substituir. Quando uma peça atrapalha a engrenagem basta jogá-la fora e substituir. Essa é a característica fundamental dos regimes totalitários tão bem enunciada por Todorov no seu livro excepcional “Em face do extremo”. Leiam! É um soco no estômago.

E nessa engrenagem todas as normas sociais que nos fazem minimamente solidários com nossos semelhantes se perdem, simplesmente porque não são aprendidas pelas outras peças. A menina chinesa atropelada era só uma peça, não há solidariedade, não há compaixão. Deixe-a perecer, ela será substituída.

E vemos a China e sua política do filho único onde famílias simplesmente descartam suas meninas, pois ter um menino é economicamente mais vantajoso. A menina não importa, a máquina precisa girar, use as melhores peças!

E quando elas não são eliminadas ainda na gestação são muitas vezes abandonas em orfanatos estatais e deixadas para morrer de fome. São os quartos da morte chineses, uma história infame e convenientemente negada pelo governo chinês, mas também pelos governos Ocidentais, preocupados com as vantagens econômicas que suas fábricas podem obter na China. Evidentemente o totalitarismo chinês é bastante vantajoso para os governos Ocidentais. Se eles não podem tratar seus cidadãos como escravos, se eles não podem matar suas meninas, já que as sociedades do Ocidente graças a uma tradição longíssima moral e religiosa não aceitariam isso tão facilmente, então aproveitam o estrago que o comunismo fez na China.

E vamos em frente, certo? Brincando com nossos IPads, ouvindo nosso MP4 e passeando pela Avenida Paulista sobre nossos lindos Nikes. 

Mais sobre a crise européia – Nigel Farage

Nigel Farage é do partido UKIP (United Kingdom Independence Party). Um homem sem papas na língua, chegou a ser multado por ter falado umas verdades para o arrogante Van Rompuy, atual presidente do Conselho Europeu.
Nessa manifestação arrebatadora Farage fala sem rodeios sobre algo que já deveria estar muito claro: o Euro é um fracasso.
O vídeo está devidamente legendado.

Gostou? Leia aqui uma entrevista com Farage. Em Português!

A crise grega e o estado gigante – Tradução do artigo de Ilana Mercer

Descobri por um feliz acaso o trabalho da escritora Ilana Mercer. Assim que soube um pouco mais sobre a carreira dela comprei o mais recente livro lançado pela senhora Mercer “Into the Cannibal’s pot: lessons for America from Post-Apartheid South Africa” (numa tradução literal “No pote do canibal: lições para a América [EUA] da África do Sul pós-apartheid”). Infelizmente acho difícil que esse livro poderoso e polêmico seja traduzido para nosso idioma. É que o ímpeto pelo controle dos discursos e pensamentos está assumindo proporções assustadoras no nosso país. Pretendo escrever uma resenha sobre o livro! Espero que a resenha dê uma força para divulgar o trabalho dela e inspirar alguma editora brasileira a tomar coragem e traduzir o livro.

Mas vamos falar um pouco mais sobre a Ilana Mercer.

Atualmente a escritora com filiação ao liberalismo clássico vive nos EUA. Escreve para o World Net Daily, o site conservador mais visitado da internet. Já escreveu também para o The Financial Post, The Globe and Mail, The Vancouver Sun dentre outros periódicos da América do Norte e mundo, como os londrinos Jewish Chronicle e Quartely Review.

Ilana Mercer nasceu na África do Sul, filha de Rabbi Ben Isaacson, um opositor do apartheid que na década de 1960 teve que deixar o país com a família rumo à Israel por causa das ameaças que sofria da polícia sul africana. Durante a década de 1980 Ilana Mercer retornou à África do Sul onde se casou. Em 1995 imigrou com a família para o Canadá e depois para os EUA.

Em minha opinião a tradição intelectual da linha de autores como de E. Burke tem um peso significativo na leitura de Mercer, segundo a qual as liberdades individuais só se realizam numa sociedade onde prevalece a ordem. A trindade: liberdade, vida e propriedade é tida como princípio máximo a ser garantido pelo Estado. Qualquer intervenção além das que visam garantir essa ordem e segurança é considerada como uma estrapolação das atribuições estatais que podem redundar num regime opressor.

Resumi muito a história e pensamento da autora. Sugiro que os leitores que dominem a língua inglesa visitem a biografia de Ilana Mercer disponível no website dela  . Aos pouquinhos trarei mais informações sobre ela em língua portuguesa.

Além de tudo isso Ilana Mercer é uma mulher muito gentil! Enviei um e-mail para ela comentando sobre o quanto gostei do “Into de Cannibal’s Pot” e ela prontamente me respondeu. Eu disse que seria ótimo se os livros dela fossem disponibilizados em português para que nós aqui no Brasil tivéssemos acesso a um trabalho de fôlego e ousado, algo que falta à nossa intelectualidade. Mercer gentilmente me autorizou a traduzir alguns artigos dela e começo as traduções com esse post. O ideal, evidentemente, seria que um tradutor profissional fizesse este trabalho. A escrita de Mercer é muito elegante, erudita e com pitadas de ironia, não é fácil traduzir, mas me esforçarei ao máximo para ser fiel ao conteúdo.

Se alguém detectar qualquer erro na tradução, por favor, façam as correções nos comentários que eu atualizarei o texto.

 Atenção!!! Se alguém quiser divulgar o texto em outros blogs ou sites deve obrigatoriamente linkar a tradução para o original disponível no site de Ilana Mercer, ela é a detentora de todos os direitos autorais! Vou logo avisando que se eu pegar alguém reproduzindo o texto sem os devidos créditos “vou fazer” a X9 e denunciarei! Vê lá! Direitos autorais é coisa séria.   

Quem gostar não só pode como deve adquirir os livros dela. O preço é justo e vale cada centavo!

 Sem mais delongas!

Salve as pessoas; mate o superestado europeu

Por Ilana Mercer (link para o artigo no original)

 “Um homem honesto”, escreveu Ayn Rand no livro Atlas Shrugged* “é aquele que sabe que não deve consumir mais do que produziu”. Onde esse ensinamento abandonou os gregos?

Pela segunda vez desde 2010 os ministros das finanças da zona do Euro deram a Grécia um salva-vidas financeiro, dessa vez da ordem de $172 bilhões. Os bancos europeus concordaram em anular mais de 50% da dívida da Grécia, perdoando um débito de $100 bilhões.

Mesmo assim Atenas, como Washington, é corrupta até a medula. Continua a gastar mais do que possui. O mercado de trabalho grego precisa ser liberalizado. Um salário mínimo alto impede contratações. E, conforme uma nota da BBC News “o hábito de pagar um ‘bônus de feriado’ equivalente a um ou dois meses de pagamento extra” persiste. Não é preciso ser um oráculo de Delfos para vaticinar o próximo estágio da situação da Grécia: o rebaixamento da nota de risco de crédito ao status de lixo.

Austeridade, contudo, é um eufemismo entre os políticos e seu bando de animais da mídia para “retração e reforma de longo prazo” no setor público. Implícito em suas críticas à “austeridade” está a idéia de que infligir danos ao aparato estatal grego inevitavelmente destruirá a sociedade grega.

Ao contrário. Estado e Sociedade jamais deveriam ser confundidos.

Tente explicar ao nosso presidente** que quanto maior o estado menor a sociedade civil. Enquanto entretinha os líderes da União Européia, no último mês de novembro, o presidente Barack Obama prometeu que a América*** ajudaria sua alma gêmea européia a resistir à crise da zona do Euro. Ele disse o seguinte (bem, algo como isso): “A União Européia é o nosso maior parceiro comercial. Não podemos nos permitir a deixá-la sucumbir. Enviamos muito de nossos bens e serviços para a Europa. Nós compartilhamos de seus valores”. Sem nossos cúmplices europeus não poderemos derrotar o Irã e a Síria. Ou bombardear e regular o mundo e reduzir esses povos à submissão. A desintegração da zona do Euro pode ser um prenúncio das coisas que acontecerão aos EUA. (Okay, a última parte foi adicionada por improviso, mas eu acho que já conheço meu presidente).

Os riscos são muito elevados, você diz, Senhor Presidente? Para quem? Cui Bono****? Quem se beneficia, Barack?

Faça essas perguntas para si todas as vezes que um repórter/especialista/analista/político insistir histericamente, sem qualquer boa razão, que a União Européia e a zona do Euro não podem ser deixadas para perecer de uma morte natural.

Perguntar o que vai acontecer se o colosso colapsar é um convite aos non sequiturs***** e argumentos circulares das partes interessadas. Na tradição de “uma afirmação que não segue logicamente aquilo que precede”, David Böcking do Spiegel Online (um jornal excepcionalmente inteligente; os alemães são inegavelmente impressionantes) sumarizou os argumentos contra a quebra da zona do Euro. Os tratados, argumenta Böcking, não permitem um rompimento fácil. Disputas legais poderiam surgir sobre dívidas se o estado que se desvinculasse devesse ao estado bismarckiano, como é o caso da Grécia.

Sobretudo, os tecnocratas titulares da União Européia perderiam desenvoltura no cenário mundial.

Você não foi convencido por essas justificativas legalistas para manter uma união em rigor mortis? Então considere as seguintes realidades econômicas:

A carne e o sangue do comércio americano não estão com Barack ou Bruxelas, a sede do governo central europeu, mas mais com o povo belga, os Países Baixos, Alemanha, França e Grécia. Se as estatísticas das instituições financeiras pelas quais se guiaram europeus e americanos nos dois lados do Atlântico falharem, bem, então os produtores individuais e comerciantes estarão liberados para produzir e comercializar sem essas impostas, artificiais e inorgânicas estruturas.

A falha da Grécia é uma falha do governo, não necessariamente das pessoas – uma falha do governo que desperdiçou 160% do PIB. Certamente muitos dos governados, talvez a maioria, falharam também ao serem seduzidos pelo fruto proibido do estado.

“Não podemos deixar nossos governantes nos sobrecarregar com dívidas perpétuas” Thomas Jefferson advertiu. “Devemos conduzir nossa eleição entre a economia e liberdade, ou exuberância e servidão”. Por rejeitar a “economia e liberdade” a Grécia obteve a “servidão”. Athenas, o berço da democracia, também tem ido contra a democracia direta por recusar-se a permitir um referendo popular mediante o qual se decidiria se o país deve deixar a zona do Euro.

Na falta dessa opção, os dionísios inadimplentes estão presos. Comparados com os produtivos alemães, por exemplo, os gregos constituem uma cara e pouco eficiente força de trabalho. Eles não podem competir. Estivessem eles em um compasso moral e intelectual – e autorizados a traçar seus destinos – as pessoas da Grécia optariam por deixar a zona do Euro e a União Européia. Os gregos poderiam então reclamar sua soberania. Primeiro reestabelecendo o dracma, sua antiga moeda. Depois, poderiam escolher deixar o câmbio flutuante em detrimento ao dos estados membros da União Européia de modo a incrementar o apelo do desbotado mercado de trabalho grego.

Finalmente, essas custódias sobre o superestado seriam um meio de expelir a ocupação da União Européia, FMI e Banco Central Europeu, cujos funcionários estão estacionados em Atenas exercendo supervisão.

 

Notas da tradutora

*”A Revolta de Atlas” no Brasil

** Barack Obama

*** No caso Estados Unidos da América. É comum nos EUA se referir ao país como América.

**** Expressão latina que significa algo como “para o benefício de quem?”

***** falácia lógica na qual as conclusões não são coerentes com as premissas.

Todos os direitos autorais pertencem à Ilana Mercer

Precisamos falar sobre Queimadas

Queimadas é um município paraibano localizado na região metropolitana de Campina Grande. Conta com uma população de aproximadamente 41.054 habitantes distribuídos numa área de 409km2. A principal atração turística da região é a Serra de Bodopitá que possui uma extensão de 45km e se localiza entre os municípios de Caturité e Queimadas. A serra conta com um riquíssimo patrimônio histórico composto por um considerável acervo de pinturas rupestres distribuídas em pelo menos doze sítios arqueológicos. Há história, faz-se história, desde sua faceta mais fascinante até a mais aterradora.

Vênus de Willendorf - a idealização do feminino na pré-história

Queimadas não abrigou apenas humanos cujos ecos sobreviveram em figuras rabiscadas em vermelho e amarelo com temas que mesclavam o mítico e o cotidiano de um passado longínquo e misterioso. Queimadas abriga ainda hoje humanos. Esses seres que representam tão bem a tensão da existência, pois conseguem manifestar os sentimentos mais puros e abnegados assim como os mais abjetos e horrendos.

Em Queimadas na madrugada do último domingo um grupo de amigos comemorava o aniversário de Luciano dos Santos Pereira. Em dado momento a festa foi invadida por homens encapuzados que dividiram o grupo entre mulheres e homens. As seis mulheres foram levadas a um quarto e estupradas, duas acabaram assassinadas. O homicídio ocorreu porque elas reagiram e conseguiram tirar o capuz dos violadores e atestaram que eles eram Luciano dos Santos Pereira e o irmão mais velho dele, Eduardo dos Santos Pereira. O crime bárbaro foi planejado pelos homens da festa, todos sabiam do que estava para acontecer. Eram onze homens que, repito, chamaram amigas para uma festa de aniversário com o único intuito de estupra-las brutalmente e assassinar duas vítimas que os reconheceram.

Estupros acontecem todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Na esmagadora maioria dos casos são homens que infligem essa violência infame contra mulheres. Será que os machos de nossa espécie são psicopatas em potencial capazes de se reunir em bandos para violar mulheres? Duvido, mas há algo, deve haver algo, que explique esse pressuposto nojento a partir do qual alguns homens se acham no direito de violentar sexualmente mulheres.

Não, definitivamente a resposta não está no comportamento das vítimas. Se mulheres fossem culpadas pelo estupro por causa de “comportamentos duvidosos e roupas chamativas” esse tipo de crime jamais aconteceria em países como Afeganistão e Arábia Saudita onde as fêmeas de nossa espécie são obrigadas a esconder todo o corpo sob panos escuros. Sabemos bem que nesses dois países a violência sexual é rotineira. O Afeganistão, a propósito, é considerado o pior lugar do mundo para uma mulher. No Paquistão, outro lugar hostil para mulheres, o estupro é aceito como uma pena por crimes que nem sempre são cometidos por mulheres. No livro “Desonrada” a paquistanesa Mukhtar Mai conta sua história. Seu irmão foi considerado culpado por olhar para uma mulher de uma casta superior. Mukhtar foi capturada pelos homens da tribo e num tribunal presidido pelos anciões foi condenada diante de cem homens ao estupro coletivo. Ela pagou pelo “crime” do irmão. Geralmente mulheres submetidas à essa punição tiram a própria vida, Mukhtar sobreviveu para contar sua saga. E o mundo continua, e lemos com horror histórias como essa, manifestamos pesar e seguimos sem nada fazer. Precisamos falar sobre Mukhtar, precisamos falar sobre Queimadas.

Pois é aterrador que um mesmo crime tão dantesco se repita ad infinitum em todas as partes do mundo, especialmente em países onde o machismo e a misoginia (que significa aversão à mulheres) são disseminados. Não seria essa a chave do problema: machismo e misoginia? O sentimento de que o macho, visto como superior, pode violar a mulher, vista como inferior. Machismo e misoginia.

Precisamos falar sobre Queimadas, pois enquanto esses crimes não forem discutidos em suas causas teremos que administrar as consequências. E esse assunto diz respeito a todos nós, descendentes dos humanos que em um passado remoto deixaram seu legado nas paredes e na nossa história. 

P.S. Sim, o título do post é inspirado em “Precisamos falar sobre Kevin”

P.S. 2. Leia também mais detalhes e comentários sobre o caso no Blog “Escreva Lola Escreva

Conflito entre Israel e Palestina e o debate entre João Pereira Coutinho e Vladimir Safatle

Estão todos acompanhando o debate ferrenho entre João Pereira Coutinho e Vladimir Safatle sobre os conflitos entre israelenses e palestinos? Vale a pena!

O primeiro texto publicado que gerou toda a troca de farpas é de autoria de Safatle e foi publicado no dia 5 de fevereiro de 2012:

 A Cisjordânia e a “política da invisibilidade” 

O equívoco no texto de Safatle é ignorar que é difícil chegar a um acordo com um povo que simplesmente prega a destruição de outro. Estou falando dos palestinos. Todas as tentativas de acordo foram negadas pelos palestinos. Recentemente o presidente do Irã, simpático a causa palestina, sumarizou bem a questão quando não só negou o holocausto como pregou a destruição de Israel. Presidente este de um país que financia grupos terroristas como o Hezbollah e o Hamas. Isso sem falar que o articulista e professor Safatle insiste na velha fórmula da vítima versus o algoz: a miséria do mundo não Ocidental é culpa do mundo Ocidental. A velha história de jogar a responsabilidade para os terceiros. 

Veio então a resposta de João Pereira Coutinho publicado no dia seguinte:

O turista ocidental

Pereira Coutinho dá um belo exemplo sobre o que diferencia um professor de um militante. Analisar os fatos tão-somente para comprovar suas ideologias não é só danoso para a produção do conhecimento, é desonesto mesmo.

Safatle não deixou barato:

Chamar de “muro” um muro

E assim fomos todos informados de que “muro” significa “muro”. Piadas a parte, da mesma forma que reconhecer os excessos cometidos contra os palestinos não significa ser anti-israel, reconhecer que Israel sofre graves ameaças e atentados não significa ser anti-palestina.

E veio a resposta de Coutinho:

Resposta a Vladimir Safatle

Ela foi publicada no dia 13 de fevereiro, imagino que Safatle responderá. Vamos aguardar as cenas do próximo capítulo! Embora possamos discordar de um ou outro lado, ambos trazem informações importantes e pontos de vistas distintos. Acho que no fim ganha todo mundo que tem a oportunidade de acompanhar um debate sem firulas e de bom nível.

Novidades!

Um gentil leitor colocou aqui nos comentários a resposta do Safatle que saiu hoje, dia 22/02/2012. Segue o link:

Um esclarecimento final

Pelo título o Safatle parece querer encerrar a discussão. Será que o Coutinho responderá?